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18 de novembro de 2022

O VAREJO, O CONSUMO E A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NOS SERVIÇOS FINANCEIROS

Mais um passo importante foi dado na semana passada no processo de transformação digital dos serviços financeiros no Brasil com a liberação, pelo Banco Central, do uso do WhatsApp para transferência de pagamentos entre usuários, com potencial impacto futuro no varejo e no consumo, quando for disponibilizado, em breve, para uso entre usuários e empresas.

Essa é mais uma etapa importante na jornada liderada pelo Banco Central que, de forma visionária, tem estado à frente das iniciativas de transformação, modernização e desconcentração dos serviços financeiros no País nos últimos anos, ao estimular a expansão das fintechs, lançar a plataforma de pagamentos instantâneos Pix, promover o Open Banking, apoiar o Cadastro Positivo e reduzir de forma histórica as taxas reais de juros, estimulando a concorrência controlada e saudável na prestação dos serviços financeiros.

Com isso, o Banco Central tem feito chegar até consumidores finais a redução estrutural das taxas nominais e reais de juros, um dos principais motores no aumento da demanda e do consumo, que viabiliza o aumento das vendas no varejo e amplia o potencial da indústria de consumo local, tanto para duráveis quanto para não duráveis.

Sempre é importante lembrar que, pré-pandemia, o total do crédito às famílias no Brasil representava 28% do PIB, quando, em economias similares, esse percentual variava de 50% a mais de 100% do PIB.

Para complicar ainda mais o cenário, os cinco maiores bancos do País (Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander) em 2018 detinham 83,8% desse total, participação que caiu para 81% no final de 2019. Os números de 2020 estão fortemente influenciados pela reflexos da pandemia, redução de salários e auxílio emergencial, e devem ser analisados com cautela.

Em junho do ano passado, havia sido solicitada autorização para o lançamento do WhatsPay, que foi analisada pelo Banco Central e convenientemente protelada na espera do lançamento da plataforma Pix, que ocorreu em novembro. A autorização para uso da plataforma para transferência entre usuários é mais uma etapa importante, especialmente pela massificação do uso do aplicativo e pelo poder de fogo de seus promotores e agentes envolvidos, Visa, Master e Cielo, dentre outros. Lembrando que Cielo tem como principais acionistas o Banco do Brasil e o Bradesco.

Mas outros players vão continuar avançando nesse campo que envolve todos os arranjos de pagamentos e serviços financeiros, como PicPay, Mercado Pago, o Carrefour com seu banco, Via Varejo, Riachuelo com a Midway, Renner, B2W-Americanas, Magalu e outros mais, sem falar nas cooperativas de crédito, sinalizando uma transformação estratégica e estrutural, para além do digital, que vai redesenhar todo o setor no Brasil, democratizando o crédito ao varejo e ao consumo e reconfigurando a oferta e o uso dos meios de pagamentos no Brasil.

Importante também destacar que os arranjos de pagamentos e seu potencial na ampliação da oferta de serviços financeiros estão na base da lógica de expansão dos Ecossistemas de Negócios e trazem consigo a possibilidade de, adicionalmente, monitorar fluxos financeiros e desenvolver mecanismos preditivos de comportamento setorial, regional e segmentados, fator crítico da criação e sustentação da vantagem competitiva e estratégica dos Ecossistemas. Tudo a ver.

Se tem algo que devemos ressaltar, apoiar e elogiar no atual cenário político e econômico do Brasil atual é essa transformação empreendida e coordenada pelo Banco Central, que irá contribuir para que o País continue a ser um benchmarking global em serviços financeiros, porém, de forma mais democrática, especialmente no crédito pessoa física, uma vez que muitos desses arranjos de pagamentos migrarão, naturalmente, para incorporar o crédito na sua oferta de serviços.

Os tempos são sombrios, mas a perspectiva é que, ao menos nesse campo, o Brasil vai, definitivamente, sair da pandemia estruturalmente melhor do que entrou.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvea Ecosystem.
Imagem: Envato/Arte/Mercado&Consumo

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